terça-feira, 17 de novembro de 2009

Disponível para o mercado de trabalho!

Era pra ser só mais uma entrevista. As pessoas que como eu, hoje em dia, estão “disponíveis para o mercado de trabalho” (um termo mais bonitinho para desempregadas) já estão cansadas de saber como é essa coisa de rotina de entrevista. Alguém de alguma empresa de RH te liga, faz várias perguntas que não seriam necessárias ser feitas porque já está tudo no seu currículo, e eu acho ainda mais inútil porque a pessoa não está nem olhando na sua cara pra saber se você está mentindo! Ai essa pessoa vai te explicar pra qual vaga ela está falando com você. Pessoas disponíveis para o mercado de trabalho como eu mandam diversos currículos pela internet todos os dias. E ai, quando algum RH te liga, você tem que falar meio que genericamente de tudo, porque ele só te diz pra qual vaga você está sendo contatado no final da conversa pelo telefone. Mas essa é só a primeira fase! Na maioria das vezes tem uma segunda e terceira. Dependendo da empresa, tem até uma quarta.
Teve uma empresa que ligou para mim, fez aquelas perguntas desnecessárias de sempre e depois me avisou que outra pessoa iria me ligar no dia seguinte para fazer o teste de conversação em inglês. Achei aquilo super inusitado. E no dia seguinte, toca o telefone e um cara começa falando “GOOD MORNING”. Gente, me deu uma vontade desgraçada de rir! Eu engasguei e demorei um tempão pra conseguir conversar naturalmente com o cara!
Mas então... Era pra ser só mais uma entrevista e virou um show de desastres.
Sai de casa em um horário bom para chegar ao centro do Rio. Sabia que teria que andar um pouco até chegar à Avenida Rio Branco, então sai um pouco mais cedo. Logo de cara, na saída do meu bairro peguei um engarrafamento monstro! “Calma”, pensei. “Eu sai cedo, vai dar tempo”. Fui olhando o relógio dos outros passageiros do ônibus, quase minuto a minuto pra me convencer que ia mesmo dar tempo. Tinha que estar na empresa de RH às 9 da manhã. O ônibus chegou no centro eram 5 pras 9. “Se eu correr um pouco dá tempo”, pensei novamente. E sai correndo pela Avenida Rio Branco, de salto alto.
Mas gente, achar é a pior coisa do mundo. Sério! Se você não sabe com certeza, não fica achando, que você só vai se dar mal. Eu ACHEI que a numeração dessa avenida diminuía no sentido do fluxo dos carros. E fui correndo sem nem olhar pros números direito. Quando dei uma parada pra tomar um fôlego, vi que tinha achado e me dado mal. Tava correndo pro lado errado. O local onde desci do ônibus era muito mais perto do local que eu precisava ir do que eu imaginava, e eu sai correndo pro outro lado! Tive que correr tudo de volta, tropecei, torci o pé e é lógico, acabei chegando atrasada!
Na entrada do prédio onde era a empresa tinha aquelas máquinas que você precisa dar sua identidade para eles gravarem e tal. A última vez que tinha pegado minha identidade foi para visitar o avô de uma amiga no hospital. Nesse hospital eles deram aqueles crachás de colar na roupa, mas que nunca ficam colados, ficam sempre caindo. Na saída do hospital, para não jogar aquela parada no chão e como estava com a identidade nas mãos, colei a porcaria do crachá na capa de plástico da identidade. E tava eu na tal recepção do prédio e vi que o crachá ainda estava colado na identidade. Quando tentei tirar aquele troço que não colava na roupa, ele estava tão grudado que rasgou todo, e não dava nem pra ver meu nome. A garota da recepção me olhou com uma cara tipo: “idiota”, gravou só a foto da identidade na máquina e me mandou subir.
Fiquei magoadinha com essa cara que a menina fez para mim. Poxa, como é que eu ia saber que aquela cola do crachá só era boa em plástico? Eu não tive culpa! E agora além de atrasada e com o pé torcido, eu estava magoada!
A segunda fase de entrevistas é basicamente igual à primeira. Eles te fazem de novo as perguntas para o qual eles já tem as respostas, pois esta tudo escrito no seu currículo, mas dessa vez eles olham na sua cara pra saber se você esta mentindo ou não. A diferença são as perguntas inusitadas que as empresas põem no meio da entrevista. Eu já tive que responder algumas como: - Qual sua maior qualidade? (Essa é sempre a mais fácil de responder, afinal eu tenho tantas...) – Qual seu pior defeito? (Qual defeito meu eu devo citar que não vai me atrapalhar a conseguir a vaga? Que eu sou muito quieta? Que eu detesto acordar cedo? Poxa, qualquer defeito pode atrapalhar!) – Se você fosse uma propaganda, qual seria e por quê? (Putz, propaganda eu? Dá pra pular essa pergunta?) – Porque você se interessou pela vaga? (Achei que a resposta era óbvia! Pelo visto não é. Todas perguntam isso!) – Porque você quer trabalhar com a nossa empresa? (Gente, eu só quero trabalhar!) - Porque seria interessante para a nossa empresa contratar você? ( Porque eu sou legal! Sou gente boa!) – O que você mudaria na sua vida? (E o que diabo a minha vida pessoal tem a ver com isso?) e por ai continuam as perguntas.
Outras empresas te enchem de testes psicológicos para você responder! Marque sim ou não. Marque as respostas que você realmente é e não as que gostaria de ser. Marque as opções que você acha que os outros esperam que você seja. Caramba... É muito detalhe que eu não faço idéia de pra que vai servir. Me lembram aqueles cadernos de questionário dos amigos que a gente respondia quando era criança!
E no final de todas as entrevistas é sempre a mesma coisa: Obrigada pela participação! Quando tivermos tomado alguma decisão entraremos em contato! E aí você começa a esperar! Ás vezes indefinidamente!
E agora estou em casa! Cansada, com o pé torcido, magoada e esperando!

R.V.G.M.T.

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